Existia um homem que vivia insatisfeito, estressado e bastante infeliz, pelo relacionamento sofrível que tinha com a esposa. Todos os dias, ambos chegavam cansados dos seus respectivos trabalhos e o que acontecia entre os dois era um total desentendimento, desarmonia e, consequentemente, era impossível haver diálogo.
No momento em que ele chegava em casa, normalmente já encontrava a esposa que, indignada e não menos estressada, com os afazeres do dia e mais o acúmulo do “terceiro expediente”, começava a falar e reclamar, sem parar. O marido, por sua vez, não aguentava a pressão e, impaciente, respondia em cima de cada palavra – quer gostasse, quer não gostasse. Na verdade, os dois não conseguiam se entender e ele, esbravejando, saía batendo a porta e só retornava bem tarde da noite. E, assim, aconteceu durante muito tempo.
Um amigo, com o qual normalmente desabafava, aconselhou-o a procurar um homem que era tido como uma pessoa muito boa e capaz, especialista em aconselhamento de casais. Certamente, ele teria alguma solução para o seu problema com a esposa. Meio cético, o machucado marido foi procurar o tal homem.
Chegando lá, deparou-se com um local muito bonito, uma casa simples, fincada em meio a muito verde, pássaros soltos nas árvores, cânticos das cigarras e uma brisa suave, com cheiro de terra batida e verde silvestre.
Foi ao encontro do homem e contou-lhe o seu problema com a esposa. Após ouvi-lo, o velho homem adentrou na casa e voltou com duas garrafas – uma maior uma pequenina. As duas garrafas continham um líquido transparente. Entregou-as ao visitante e deu-lhe a seguinte orientação:
” – Mantenha com você, sempre, essa garrafinha pequena (por ser mais prática de carregar), cheia. No exato momento em que você for chegando em casa, tome um gole bem grande do líquido e fique com ele na boca, sem engolir, durante trinta minutos. Faça essa receita por dez dias consecutivos e, depois, volte aqui.”
O homem achou estranho, mas resolveu seguir à risca a orientação do outro. Foi embora e, como estava mesmo na hora de voltar para casa, percebeu que já era o momento de fazer o primeiro teste. De fato, no exato momento de entrar em casa, levou a garrafinha à boca e deixou o gole durante o tempo em que o velho havia lhe ensinado fazer. Sua esposa fez o de sempre: começou a falar, reclamar, soltando “cobras & lagartos” e o marido, no seu desespero de querer responder, não dizia nada.
Ao final dos trinta minutos, ele engoliu e aí… tudo o que queria responder, já não fazia mais sentido. Conversou outras coisas com a esposa e até dormiram juntos (melhor ainda: ficaram ACORDADOS, também). Durante todos os outros dias, repetiu a receita e lá pelo oitavo dia, a esposa recebeu-o com ar de preocupação: ” – Meu filho… o que é que você tem?! Eu fico o tempo todo falando sozinha, digo, digo e digo e você nada… nada, não reage, não fala. Por outro lado, eu tenho sentido que estamos conseguindo conversar. O que é que está acontecendo?”
Bem feliz agora, com os resultados alcançados, retornou no décimo primeiro dia à casa do velho. Lá chegando, indagou-lhe qual era o conteúdo milagroso que ele tinha lhe dado. O velho, então, respondeu: ” – Água… Com apenas um gole d’água na boca, você conseguiu fazer uma coisa que é o calo de muita gente: saber ouvir.”
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