Toda vez que ousamos dizer o que sentimos, nós aceitamos o risco de que o sagrado do sentimento seja banalizado. Vez em quando convém o silêncio, a convivência solitária que nos ajuda a desvendar o enigma que nos habita. Nem tudo o que sentimos é verdadeiro. O ódio, por exemplo, pode ser um amor disfarçado. O sentimento que nos parece tão convincente pode ser um impulso provocado pelas forças do instante. Somos vulneráveis às invasões de olhares, palavras, situações. E tudo isso passeia pelas nossas veias, viaja em nós. E por isso necessitamos da introspecção silenciosa. Só ela é capaz de desconstruir os equívocos que alimentamos, e expulsar o que não nos pertence. Não tenha pressa em publicar suas alegrias ou tristezas. Conviva com elas antes de colocá-las nas janelas da vida. Nem tudo a palavra sabe dizer. E ainda que saiba, nem tudo precisa ser dito.
Comentários