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SAÚDE EM FOCO
Viver a velhice é o segredo da longevidade, diz especialista
Pode-se compreender que o jovem passou a ser enaltecido no fim do século 18, com a Revolução Industrial, em um momento em que os corpos velhos eram descartados por não terem tanta agilidade e maior capacidade de produção. A partir daí, o medo de envelhecer e não ser mais útil se tornou real e foi potencializado com o surgimento das redes sociais.
O belo está relacionado ao novo, e todo mundo quer parecer bonito nas fotos. Não à toa, a dependência dos filtros que melhoram a pele e a aparência atinge cerca de 84% dos usuários, de acordo com levantamento feito pela empresa Edelman Data & Intelligence, em 2020.
Nadando contra a maré, a psicóloga Neide Magalhães, no auge de seus 79 anos, decidiu colocar no papel todo o seu estudo sobre longevidade. A especialista dedicou anos de pesquisas na área de psicologia do desenvolvimento humano e envelhecimento saudável, até chegar à conclusão de que é preciso viver a velhice.
Além de sua época
— Eu sempre fui fora do meu tempo e acreditei que temos que ser livres, responsáveis por nós mesmos. Não temos que ter preconceito, ideias formadas sobre alguma coisa. Para mim, etarismo não existe, pois temos que ser nossa melhor versão sempre e viver cada fase com intensidade. Vamos viver a velhice, ela é linda e libertadora. Envelhecer é ter gratidão pela vida — comenta a psicóloga, que está lançando o livro “O fascínio da longevidade” neste mês.
Segundo a psicóloga, na prática, sabemos que envelhecer não é uma experiência igual para todos. A longevidade tem como referência processos biológicos que são universais, além de questões que, nas sociedades atuais, passaram a ser pensadas como problemas sociais. Ela é marcada por características bem diversas.
— Para muitos da geração de cabelos brancos, da qual faço parte, o envelhecimento passou a ser um período de realizações individuais e sociais. À medida que envelhecemos, desconhecemos nossos limites e potencialidades, e acabamos criando o mito de que velho é sempre o outro, passando a ser algo que não se realiza para a maioria das pessoas — esclarece a especialista: — Desse modo, sem assumirmos nossa senectude (senilidade, velhice), não podemos pensá-la. Nem sequer representá-la em sua totalidade.
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