O que é?
A asma brônquica, ou simplesmente “asma”, é uma doença crônica que provoca inflamação e consequente estreitamento dos brônquios, dificultando a passagem do ar. Ela pode decorrer de características herdadas, mas isso não significa que o filho de uma pessoa asmática necessariamente terá a doença. O estreitamento brônquico, que pode regredir espontaneamente ou por meio de medicação, algumas vezes coloca em risco a vida do paciente. Em regra, a asma pode ser controlada com tratamento e a prática de medidas preventivas adequadas. O acompanhamento médico é sempre essencial.
Características
Os pulmões são responsáveis por um importante processo orgânico: é no interior deles que o sangue absorve oxigênio, essencial à vida, e elimina um produto residual nocivo, o gás carbônico. O oxigênio chega aos pulmões através do ar que inspiramos e o gás carbônico é eliminado do corpo pelo ar que expiramos.
Para atingir os pulmões, o ar passa por um tubo que começa na garganta, chamado traqueia. Em sua base, a traqueia se divide em dois condutos menores, os 2 brônquios, cada um desembocando em um dos pulmões. Os brônquios, por sua vez, subdividem-se em ramos com tamanho progressivamente menor. Os menores deles, existentes aos milhões nas extremidades dessa “árvore”, chamam-se bronquíolos. Cada bronquíolo termina numa minúscula bolsa, chamada alvéolo. E é exatamente aí, nos alvéolos, que ocorre a troca de gases: o sangue absorve oxigênio e elimina gás carbônico no ar que, agora, percorrerá o caminho inverso – dos alvéolos, passando pelos brônquios e pela traqueia, até o nariz e a boca, e daí para fora do corpo.
Num surto asmático, todo esse mecanismo funciona mal devido ao estreitamento dos brônquios, causado pela contração da musculatura das paredes desses condutos – fenômeno conhecido como broncoespasmo – e, também, pelo aumento na produção de secreção (escarro) pelos pulmões.
Nas paredes brônquicas dos asmáticos existem células que, sob estímulo de diversos agentes, podem provocar a inflamação e o consequente broncoespasmo. Quando perpetuada, a inflamação torna os brônquios ainda mais sensíveis, agravando o curso da doença.
Causa
A crise asmática pode ser desencadeada por vários fatores. O doente ou quem cuida dele deve observar o que costuma desencadear a crise, para melhorar a eficácia das medidas preventivas. Entre os fatores desencadeantes mais comuns estão: a poeira doméstica – que contém ácaros (minúsculos aracnídeos capazes de liberar substâncias prejudiciais ao organismo humano), pelos e penas de animais, alérgenos (qualquer agente que cause alergia), alimentos, fumaça de cigarro, cheiros fortes, infecções provocadas por vírus, mudanças bruscas de temperatura e fatores emocionais.
A exposição constante a agentes desencadeantes pode levar a surtos asmáticos progressivamente mais intensos e frequentes. Isso pode ocorrer, por exemplo, com os portadores da chamada asma ocupacional, provocada pela inalação sistemática de determinadas substâncias presentes no ambiente de trabalho. Quando o diagnóstico é de asma ocupacional, é preciso o afastamento do trabalho.
Normalmente, o acompanhamento médico, o reconhecimento precoce dos sintomas, medidas preventivas e a adoção de tratamento imediato evitam a intensificação das crises asmáticas.
Diagnóstico
Baseia-se no exame físico e na história clínica do paciente. É importante que o médico receba o maior número possível de informações, sobretudo em relação a eventuais fatores desencadeantes e sobre a intensidade e a frequência das crises.
É possível comprovar a obstrução das vias aéreas por meio de métodos como a medida do fluxo expiratório máximo e a espirometria (também conhecida como prova de função pulmonar, ela é realizada com um aparelho chamado espirômetro, que mede o volume de ar inspirado e expirado).
O diagnóstico costuma ser particularmente difícil nos lactentes e nas pessoas idosas. No caso dos primeiros, várias doenças além da asma podem apresentar quadro clínico caracterizado por chiado no peito (inclusive as infecções provocadas por vírus). Nos idosos, a asma pode ser facilmente confundida com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e com a insuficiência cardíaca congestiva (ICC).
Há uma circunstância especial, chamada mal asmático, em que a internação hospitalar se torna necessária, pois a crise é grave a ponto de não ser possível controlá-la com as medidas terapêuticas habituais. Em casos extremos, ela pode levar a um quadro de insuficiência respiratória, exigindo o emprego de respiradores artificiais.
Sintomas
Os mais comuns são: falta de ar (dispneia), tosse persistente e chiado no peito. A sensação de aperto no peito, ao acordar, pode significar uma manifestação da chamada asma noturna. A intensidade e a frequência dos sintomas variam de pessoa para pessoa.
A tosse – às vezes, o único sintoma da asma, principalmente em crianças, geralmente piora à noite. Ela também pode se agravar e, nesse caso, até ser seguida de vômito, após atividades físicas mais intensas ou no caso de alguma infecção.
Há fases em que os sintomas da doença se intensificam: são as chamadas crises asmáticas.
Tratamento
Para um tratamento apropriado, o paciente ou quem cuida dele deve identificar os fatores desencadeantes das crises, para tentar evitá-los. Além disso, deve seguir corretamente a prescrição médica e aprender a reconhecer os períodos de piora, para tentar impedir o agravamento das crises que, quase sempre, são controláveis se detectadas de imediato.
O tratamento para asma pode ser dividido em dois grupos:
Medicamentos – De alívio: usados na crise aguda. São eles: bronco dilatador (dilatam os brônquios por meio do relaxamento dos músculos da parede brônquica) e corticoide (as chamadas “cortisonas” agem com eficácia na redução do processo inflamatório dos brônquios). Preventivos: são usados para impedir o surgimento das crises; por isso, não devem ser usados durante um processo agudo, mas sim como tratamento de longo prazo, de característica profilática. Trata-se, basicamente, de corticoides administrados por via inalatória (cortisonas na forma de “bombinhas”) e de inibidores ou antagonistas dos leucotrienos (substâncias que impedem o efeito desencadeador da asma), apresentados na forma de comprimidos.
Atividades físicas – Em regra, o paciente asmático pode ser estimulado a praticar exercícios, desde que respeite sua tolerância quanto à duração e à intensidade – tudo dependerá da avaliação médica. Atividades físicas regulares podem tornar mais eficaz a ventilação pulmonar do asmático, aumentando desse modo sua tolerância ao exercício.
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