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Médicos alertam para risco de intoxicação após consumo elevado de vitamina D
O consumo por conta própria de vitamina D, na tentativa de blindar o organismo contra a Covid-19, preocupa cada vez mais os endocrinologistas.
O nutriente tem boa relação com a imunidade, mas o uso precisa ser controlado. Doses excessivas têm provocado intoxicações, algo raro antes da pandemia.
Não há dados oficiais sobre as reações adversas. O aumento dos casos é uma percepção dos próprios médicos após relatos de pacientes nos consultórios, conforme a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Dentre os principais sintomas de quem exagerou na dose estão urina escura, fadiga, náuseas, vômitos e falta de apetite.
Em situações mais graves é necessária a internação do paciente, o que também cresceu, alerta a vice-presidente da SBEM, regional Minas, Flávia Coimbra Pontes Maia. A especialista reforça que o cenário se deve à falsa ideia – disseminada principalmente pelas redes sociais – de que a reposição da vitamina previne contra o coronavírus.
“Vários estudos comprovaram que repor a vitamina D não melhora o prognóstico dos pacientes com Covid-19”, afirma Flávia Maia.
Segundo a profissional, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia levantou dados junto à indústria farmacêutica para medir o aumento do uso do hormônio. O levantamento mais recente mostrou que praticamente dobrou o consumo de vitamina D entre 2019 e 2020.
Injetáveis
Há relatos também de superdosagem sem relação direta com a pandemia. Caso da servidora pública Ellen Carvalho, de 40 anos, que precisou ficar hospitalizada após uma intoxicação.
Por quase três meses, a moradora de São Paulo enfrentou as consequências de um tratamento para a troca do método contraceptivo. Ela conta que, por orientação de uma clínica, aplicou a vitamina como parte de um protocolo de injetáveis.
“Tive enxaqueca, dormência nos braços, rigidez nos dedos, dores nos membros superiores e inferiores. Não conseguia nem lavar o cabelo de tanta dor nas articulações”. Ellen precisou ser levada para uma UTI, onde ficou quatro dias sob cuidados intensivos.
O caso foi acompanhado pela clínica geral Sarina Occhipinti. “Quando a vitamina vem de forma injetável, os níveis séricos (quantidade de uma determinada substância no sangue) podem subir rapidamente. Pessoas mais sensíveis ou que não precisam da suplementação podem se intoxicar”. A médica reforça que cada pessoa metaboliza o nutriente de uma forma, sendo necessário identificar a dose segura caso a caso.
Sol
A melhor forma de se adquirir a vitamina D é tomando sol, mas sem exageros. Os horários mais seguros são às 10h ou 16h, por cerca de 15 minutos. Apesar da assimilação ser melhor sem o filtro solar, Sarina Occhipinti recomenda que as pessoas usem o protetor.
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